Os números são assustadores, né? Por esse motivo é tão importante falarmos sobre esse tópico. Nesta quinta-feira, 10, é comemorado o Dia Nacional contra a violência à mulher. A Glamour conversou com Gabriela Manssur, promotora e uma das grandes responsáveis por conferir visibilidade ao tema da violência de gênero.
Manssur atua como promotora desde 2003, coordenou por seis anos o primeiro Núcleo de Combate à Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher do Ministério Público de São Paulo e atualmente é uma das integrantes do Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica do Ministério Público do Estado de São Paulo (GEVID).
Ao contrário do que muita gente pensa, a violência não é apenas física, mas também psicológica, sexual, moral e patrimonial. Abaixo, a promotora pontua e exemplifica 4 atos, além da violência física, que são violência doméstica e você provavelmente não sabia. Aos detalhes:
Um dos primeiros atos que passam despercebidos por muitas mulheres é a humilhação cotidiana — aquela em que não se percebe, mas que, aos poucos, mexe (e muito!) com a autoestima da vítima. Gabriela explica:
"Imagine, todos os dias, ter um homem desqualificando você de alguma forma? Dizendo frases como: 'você é feia, gorda, não presta para nada, não tem amiga, é mandona, controladora, não sabe fazer isso ou aquilo'. São ofensas que têm o intuito de deixar a mulher triste e, de certa forma, isolada, porque ela se afasta das pessoas.
Essa mulher só percebe o abuso quando fica doente de alguma forma tenta justificar a violência do homem trazendo para si a culpa e, assim, adoece. Só quando fica doente (a imunidade fica baixa, surge algum problema ginecológico, sindrome do pânico ou depressão), que nota o ato violento.
São ações que se repetem ao longo de um relacionamento e trazem prejuízo à autoestima e lesão à saúde da mulher. Essa é a violência psicológica e pode se configurar um crime: de lesão à saúde da mulher. Eu pego vários casos de violência física contra a mulher (como empurrão e cabeçada), que vem junto com uma violência psicológica também", explica.
Qualquer ato contra a vontade da mulher que pode ter ou não violência. Como também impedir que a mulher faça uso de métodos contraceptivos, forçá-la a se casar, engravidar, abortar ou se prostituir. Gabriela explica:
Quando ela sai do efeito da substância, percebe que teve uma relação sexual forçada mas, não tem provas. Por medo de falar ou ser julgada, esses casos caem na clandestinidade. Sempre falo para as mulheres que o mais grave é a impunidade e que o mais vergonhoso é o agressor que comete violência contra a mulher. Quem tem que ter vergonha é o homem", conta a promotora.
Segundo Gabriela, existe uma tendência muito forte atualmente: a chamada violência patrimonial, quando o agressor destrói bens, documentos pessoais, instrumentos de trabalho e recursos econômicos necessários a mulher.
"Muitas mulheres deixam de trabalhar, estudar ou de fazer atividades por conta do companheiro, que muitas vezes impõe um estereótipo para essa mulher — que ela precisa ser perfeita, cuidar dos filhos, ser uma mãe presente. No caminho contrário, o marido vai para o mercado de trabalho e aumenta a renda familiar. Em determinado momento, essa mulher passa a sofrer um abuso psicológico em que esse homem a desqualifica por ela estar totalmente dependente do padrão de vida, ainda que tenha dinheiro. E aí, quando acontece uma separação, há uma fraude por parte desses homens, que escondem patrimônios, não pagam pensão para os filhos e deixam essas mulheres em situações extremamente complicadas.
Lembre-se: a culpa NUNCA é da vítima. A violência contra a mulher é crime. Denuncie! Agencias de Modelos Agencias de Modelos
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Dani Motzuo
Nos últimos 12 meses, 1,6 milhão de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento no Brasil, segundo dados de um levantamento do Datafolha encomendado pela ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em fevereiro. Entre os casos de violência, 42% ocorreram no ambiente doméstico. Após sofrer uma violência, mais da metade das mulheres (52%) não denunciou o agressor ou procurou ajuda. A cada 2 minutos, uma mulher também registra agressão sob a Lei Maria da Penha.
É a violência moral, xingamentos que abalam a moral e a honra das mulheres. Caluniar, difamar ou cometer injúria contra a vítima.
"O homem xinga a mulher ou imputa a ela algum fato mentiroso como, por exemplo, um crime. Imputar a prática de um crime a uma pessoa sabendo que ela não fez é calúnia. Também existe a difamação, mais conhecida como fofoca. Contar para terceiros atos sobre essa mulher para desqualificá-la socialmente. Como, por exemplo, postar fotos íntimas nas redes socias. Agora já existe um crime próprio, o de importunação sexual, mas não deixa de ser um ato contra a honra. Isso é muito ruim porque as mulheres ficam abaladas com essa destruição da imagem social", exemplifica a promotora.
"Eu vejo muitas situações em que a vítima não quer ter relação sexual com o parceiro, ainda que casada com ele, porque ele chegou bêbado ou porque descobriu uma traição. Esse homem força a relação com agressão física ou com chantagem emocional e, assim, acontece o chamado estupro marital, configurado quando a mulher está sob efeito de droga ou de álcool, não quer se relacionar sexualmente, mas não consegue oferecer nenhum tipo de resistência.
Elas ficam vulneráveis, sem dinheiro para pagar advogado, escola dos filhos. A dica que eu sempre dou é: não perca o controle da sua própria vida. Saiba quais são os ganhos, gastos, qual o seu patrimônio e não viva um padrão de vida que você não pode manter. Seja consciente e pague os seus boletos para não sofrer depois um total desequilíbrio financeiro. v></font></font>
4 atos que são violência doméstica — e você provavelmente não sabia
1- Humilhação diária
2- Xingamentos
3- Violência sexual
4- Violência patrimonial